POESIA: SÓ TENHO MEDO DOS NÓS
Nós queremos. Todos nós. Queremos mais, muito mais. Mais?
Por favor, mais um pouquinho!
Gosto tanto, amo em excesso e de várias formas
Nasci numa época atordoada, minha história não ajuda muito
Nossas histórias, em geral, são trágicas e/ou dramáticas
demais.
Somos marginalizadas
pretas
transgressoras
bichas, putas e mais, safadas!
Ó, amigo, irmão, que ócio! Trabalhamos agora ou trabalhamos
sempre?
Catadores de lixo e lata, Jovem Aprendiz, modelos, prostitutas
e mais: escravas! Tem blogueiras também.
Não importa como, tendo o mesmo resultado naquele dia 5($):
semanal, mensal e diariamente.
Ah, vida!
"Nossos hippies fazem tecnologia, não artesanatos!: somos
mais precários que o passado", devem ter dito.
Bob Dylan e Janis Joplin, Xuxa e Roberto Carlos.
Papai, mamãe.
Cadê Joaquina? Carolina Maria?
E quantas Marias, hein?
Inspirações!
Ó, mainha, que me dá sempre a bênção antes de dormir, tu foi
fadada à ruína do pretérito.
Grávida aos 13, saindo do armário aos 50.
E os mais velhos falam, alertam, gritam, berram, espancam e
matam.
Não estamos nem aí, queremos dizer. "Vamos lá, vó, uma
selfie!".
Alcoólatras, "usuários", fumantes, depravados: queremos
um pouco mais.
Mais, mais, maaaaais!
Somos um todo, um nó.
Que geração fodida, lambuzada de sadô-masô!
Nós, eternos nós em nossas gargantas e pulsos.
Fazemos histórias e fazemos vida também.
Tu quer comprar?
A nossa orgia, nossa geração, nossos ânus depilados.
E daí, quê que há?
O governo nos ajuda, não é? Ahhh, que democracia!
Nos levem a sério assim mesmo.
Evitar não apaga!
Passem uma borracha, pintem o sete.
Somos o sol que todos tapam com a peneira e que queima a
peneira e a retina gerando sangue nos olhos.
Abaixo de Deus estamos aqui, jogando futuras gerações fodidas
pelo ralo e gostando.
Não queremos mais de nós, não queremos mais nós.
Só queremos o mais, sem nós nem laços.
Só gosto de abraços apertados e que só doem se eu pedir.
– GABIRU
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